quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Maledicência

Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.Qual a razão última dessa mania de maledicência?É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína –que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras.Fala-se muito por falar, para “matar tempo”. A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades. Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio. São enfermos em demorado processo de reajuste.Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas. Pense nisso!

Fonte: Huberto Rohden

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